O rei QUE VIROU REI
Todos devemos abandonar o sonho que em madrugadas frias e escuras nos faz acreditar que somos reis, senhores do poder.
Devemos sacudir o corpo, a mente e porque não a Alma?
Verdadeira essência do Ser.
Precisamos de um bom banho para nos livrarmos da rebordosa da ilusão.
Foi assim que fez Rei João.
Conhecido antigamente como rei ninguém, “dono de inesgotável fortuna”, era insaciável de poder, e de prestígio também.
Não media sacrifícios alheios, sempre ordenava.
E ai de quem!
Não enxergava brilho nos olhos, nem dourado no sol, em sua frente sempre reluzia o vil metal.
Me lembro como se fosse hoje, quando fez seus súditos abandonarem a harmonia de suas famílias e trabalharem em 24 e 31 de Dezembro, véspera de Natal e de Ano Novo.
Mas, naqueles três dias, as moedas trazidas por seus súditos não possuíam brilho, muito menos valor.
E em contato com as moedas no interior do cofre mudaram de formato, de densidade e de cor.
Ficaram estranhas, produzindo um desagradável odor.
Foi então que rei ninguém, ao abrir o cofre para contabilizar, viu desmoronar todas as suas teses ao perceber que suas moedas se transformaram em fezes.
Isso mesmo, em enormes e fedorentas fezes!
A partir deste instante, rei ninguém virou Rei João.
Deixou de se preocupar com a quantidade de ouro.
Passou a se importar com a qualidade de vida de seu povo, fosse ele preto, vermelho ou louro.
Rei João foi coroado, ganhou nobreza.
Agora todo 24 e 31 de Dezembro se senta em volta de uma mesa.
Não com súditos, escravos ou empregados explorados.
Mas com Irmãos, harmoniosamente espalhados por todos os lados.