TERRA E ARTE.
A SINTONIA.
Tudo transcorria perfeitamente bem dentro do Boeing 737-800, voo 1653 da Cia aérea Brasil Air que partiu de Belo Horizonte com destino a Belém.
Tudo seguia muito bem e o comandante anunciava que voávamos a 38.000 pés, na velocidade de 850 km por hora.
As comissárias de bordo serviam sucos, refrigerantes e lanches aos passageiros.
De um momento para o outro começamos a perceber que a aeronave elevava sua altitude e estava bem acima dos 38.000 pés anunciados pelo comandante.
Notava-se uma movimentação diferente das comissárias de bordo na cabine do piloto e insistentemente nos diziam que estava tudo bem.
Foi quando o comandante anunciou:
Senhores passageiros, peço a todos que tenham tranquilidade.
Estamos agora em uma altitude de 85.000 pés e subindo, uma força maior nos atrai, porém todos os controles estão em perfeito funcionamento e o combustível não tem baixado, os tanques continuam cheios desde nossa decolagem.
As comissárias irão servir novamente o lanche e peço a todos que permaneçam sentados e com os cintos afivelados.
Assim foi feito e a aeronave continuava subindo mais e mais.
Olhando através da janela podíamos ver a lua e as estrelas bem ao lado e em determinado momento era possível ver Planetas espalhados pelo espaço.
Curiosamente um destes Planetas era bem mais colorido que os outros e trazia uma espécie de placa luminosa estampada:
“Planeta Arte”.
Era em direção a este Planeta que a aeronave se dirigia.
O comandante novamente falou através do sistema de som:
Senhores passageiros, estamos nos aproximando de um Planeta chamado Arte e em 10 minutos estaremos pousando no solo deste Planeta.
Peço a todos que permaneçam sentados e com os cintos afivelados.
Tripulação preparar para pouso.
E exatamente nos 10 minutos anunciados pelo comandante estávamos pousando suavemente em um aeroporto no tal Planeta Arte.
Tudo era muito diferente para todos nós, o prédio do aeroporto estampava obras de Arte.
Bandas de jazz e MPB se revezavam com bandas de blues, clássicos, etc.
Fomos recepcionados pelo presidente do Planeta Arte que nos recebeu muitíssimo bem oferecendo flores a todos nós.
Meu nome é Brilho das Canções, estou aqui para servi-los e apresentar-lhes nosso Planeta.
Peço que fiquem tranquilos e desfrutem, pois sempre recebemos outras aeronaves do Planeta de vocês e de outros Planetas sendo para nós motivo de muita alegria e arte.
Sabemos que a força controladora do Universo chamado de Deus por vocês, Grande Artista do Universo por nós e por diferentes nomes em diferentes Planetas, é quem desvia aeronaves para Arte e o maior número de desviados chegam de planetas que mais necessitam de Arte.
Sigam-me, vou mostrar-lhes Arte.
E seguimos com Brilho das Canções. Em determinado trecho do caminho deparamos com um prédio cinza-chumbo, o único que não estampava Arte e anunciava em letras mortas “MASMORRA DAS FULERAGENS”.
Ali, disse Brilho das Canções, naquele prédio fúnebre, aprisionamos toda manifestação antiarte que tente se afirmar em nosso Planeta, lá estão condenados à prisão perpétua, lixos culturais, ruídos indesejáveis e nocivos aos ouvidos e a mente. Não levarei vocês no interior da Masmorra, pois tais ruídos não fazem bem para a saúde mental, espiritual e muito menos artística.
Continuemos nosso passeio por Arte, sugeriu Brilho das Canções.
Seguimos pela Avenida Artes Plásticas até o final, viramos à esquerda entrando na Rua Jazz, desembocamos na Rodovia do Blues e como já passavam das 20 horas, paramos em um grande espaço chamado “MERCADO CENTRAL CULTURAL”.
Vamos parar por aqui, relaxaremos ao som de boa música e depois iremos repousar para amanhã irmos ao objetivo da visita de vocês.
Neste mercado, repleto de Arte, enquanto bandas se revezavam passeando pela MPB, Bossa, Jazz, Blues e vários outros ritmos de altíssima qualidade, fomos degustando o vinho da luz.
Toda aquela aglomeração de Arte misturada ao artístico paladar do vinho, nos deu algo diferente, ficamos mais criativos, mais sensíveis e bem mais contentes.
Alguns dos nossos companheiros recitavam poesias, outros representavam pequenas dramaturgias, enquanto outros, no palco faziam parte da banda.
A noite seguiu brilhante e por Volta das 02 da manhã saímos do mercado e seguimos até um grande hotel colorido chamado “GOTAS”.
Relaxadamente dormimos e às 07 horas fomos acordados ao som de um brilhante músico que devido a simpatia por nosso Planeta adotou o nome artístico de Terra.
A harmonia que Terra extraia do violão nos colocava de pé abastecendo-nos poderosamente.
Na sala de café já a nossa espera estava Brilho das Canções.
Saboreamos as delícias do lugar e fomos conduzidos para um enorme salão onde segundo o próprio Brilho das Canções iríamos receber “Gotas de Arte”.
Quando todos já se encontravam reunidos no salão o som grave da voz de Brilho das Canções soou nos alto-falantes:
Bom dia e boa Arte para todos.
Prezados amigos do Planeta Terra, vocês não são os primeiros e nem serão os últimos a chegarem desta forma em nosso Planeta.
O Supremo desviou a aeronave de vocês para que conhecessem Arte e devem agradecer por isso.
Quando saírem daqui não serão mais os mesmos, serão seres melhores, cultos e mudarão o canal do televisor sintonizando sempre em Arte.
O que tenho para vocês e darei agora são ensinamentos e gotas de Arte que o próprio Terra, nosso músico maior servirá para vocês.
Enquanto Terra servia-nos aquela gota azulada, Brilho das Canções semeava palavras.
Queridos amigos e irmãos, nunca se deixem enganar por falsa arte.
Aprisionem em masmorras todo e qualquer ruído nocivo aos ouvidos, à mente e ao meio ambiente.
Cantem, pintem, bordem e declarem Guerra contra o LIXO CAPITAL.
MUDEM DE CANAL!
Neste momento, a última gota de Arte foi servida para a última pessoa da fila.
Aplaudimos Brilho das Canções e ele encerrou dizendo:
Somos membros da mesma Orquestra regida pelo Grande Artista do Universo e não devemos desafinar com Ele.
A aeronave de vocês esta em solo e pronta para seguir viagem, semeiem Arte e tudo se transformará.
O Universo em uníssono cantará.
Foi exatamente isso que fizemos, e hoje, o Planeta Terra já se modificou.
Não ouvimos mais dos sons potentes dos automóveis ruídos indesejáveis e palavrões degradáveis.
Não assistimos mais em nossos lares os maus exemplos ditados e exaltados por canais de televisão como se eles fossem o melhor modelo a seguir.
Hoje temos prazer em sentarmos com a família, ligarmos o televisor e até mesmo aos domingos maravilhas assistir.
Sem sombra de dúvidas, posso afirmar que é devido aos constantes desvios de aeronaves que Deus, o Grande Artista do Universo desvia para aquele Planeta além de Marte é que nossa Terra está cada vez mais sintonizada em Arte.
Jaderson Sérgio
jadersonsergio@gmail.com