O QUE IMPORTA É MISTURAR-SE COM DEUS
- jadersonsergio
- 3 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de dez. de 2021
O QUE IMPORTA É MISTURAR-SE COM DEUS

Em um Planeta chamado Terra, quase nunca ninguém olhava para o chão e quando olhavam era para reparar na deselegância do sapato de alguém.
O dito popular alertava:
“O calçado em seus pés reflete o que realmente tu és”.
Mas, Zé engraxate da Terra sempre caminhava olhando para o chão, caminhava olhando sempre para os pés das pessoas.
Ele nunca viu em nenhum calçado deselegância, mas em todos via opulência, via beleza, via realeza., em todos enxergava elegância.
No pó que cobria tanto o cromo Alemão quanto a napa via um dourado, um lumiar, algo além da poeira e da mera capa.
Zé engraxate engraxava de graça pelo “simples” prazer de ver o pó desgrudar do sapato e grudar na escova.
Zé dava o brilho de graça.
Andava de praça em praça e naquele caixote pendurado nas costas que muitos diziam cheirava bosta, levava os resíduos da poeira dos pés dos outros.
Quando chegava em seu barraco dependurado no alto do morro Zé tirava aquele pó e guardava em sacos feitos do forro de antigos travesseiros.
Devido ao seu “garimpo” diário os sacos estavam todos cheios.
Dia após dia Zé engraxava de graça.
Dia após dia mais pó Zé acumulava.
Dava brilho no cromo e na napa.
Acumulava pó que para os outros era nada.
Zé engraxava em troca do pó que embaçava o couro, pois para Zé, na realidade aquele pó era ouro.
E assim seguiram-se 30 anos engraxando em troca de pó como se fosse vício.
Foi ferido por pedras, internado em hospício e chutado pelos próprios em que ele deu brilho.
Certa madrugada percebeu que o barraco estava dourado e que os sacos reluziam.
De repente, uma voz que não se sabe de onde surgiu sugeriu:
“Pegue o pó de ouro e espalhe-o no vento da madrugada’.
Imediatamente, sem apego nenhum, Zé sacudiu seus sacos de ouro um por um e naquele instante, a escada que a cada manhã declinava um pouco mais abismo abaixo se mostrou sólida, reta, reluzente e diretamente conduzindo à Praça Central.
Será que estava sonhando?
Tudo bem, sonhar também não faz mal.
Naquele momento Zé se levantou sem nem mesmo perceber que estava nu e caminhou pela escada dourada.
A escada, que parecia conduzir à Praça Central, na realidade levava muito além.
ALÉM DO MUNDO MATERIAL.
Foi então que Zé engraxate se deparou com Deus.
Aquele era Deus.
Um cara humilde, despenteado, no peito um humilde colar e nas costas algo muito familiar.
O que Deus trazia nas costas não eram asas e sim uma caixa de engraxate zero quilate.
Tudo indicava que Deus era também engraxate.
Com flanela na mão Deus disse então:
Sente-se meu Irmão deixe-me dar brilho em seus pés.
Foi flanelando, flanelando, flanelando que Deus e José foram se misturando, se misturando, se misturando até virarem um só.
A partir de então não mais existe entre cor e crença nenhuma diferença.
Não importa a profissão, formação ou posses.
O que Importa é dar brilho de graça e recolher pó como se fosse ouro, seja o calçado de napa ou de couro.
Devemos dar brilho e iluminar os breus.
Na realidade, O QUE IMPORTA É MISTURAR-SE COM DEUS.
Jaderson Sérgio
jadersonsergio@gmail.com
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